quarta-feira, 20 de junho de 2012

... então, eu escrevo.


Publicar um texto é um jeito educado de dizer: "Me empresta
seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu."
(Tati Bernardi)


     Eu tentei. Foram salas e mais salas de consultórios de paredes frias, tão frias quanto as almas das pessoas que ali atendiam. Nem nesse ambiente hostil a dor quis ir embora. Pagar para alguém te escutar falando de seus problemas? Que mundo patético! A dor ria à gargalhadas.  Eu tentei. Tentei afogá-la, entorpecê-la, defenestrá-la. Ela era mais forte. Balançava a cabeleira e zombava de mim. Nada era páreo para ela.
   
     Aí eu escrevi. Uma, duas, dez vezes.
    
     Escrevo, não porque ela irá embora, mas porque ela fica mais calma, mais leve, mais fácil de ser carregada. Às vezes, ela até se afasta um pouquinho e me permite uma tragada de ar. Só às vezes. E como diria C. Lispector: "Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha."


Bruna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário